quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Cercas embandeiradas que separam quintais
Créditos de Imagem: Shawn Palmquist
mrcool256.deviantart.com
Algumas notas não deveriam perder a sustentação
Algumas melodias não poderiam se limitar em compassos
Que as repetem e silenciam um continuar
Alguns enredos poderiam não ter um final
sequer feliz, nem dramático
não poderiam se conter em longas metragens
Não falo de metas
nem dimensões, por agora
nem falo de coisas pra sempre
falo do que gostaria de ouvir quando o eco se extingue
Acho que não precisaria ousar gravar sonoridades
nem idéias
Elas poderiam soar naturalmente a cada reverberização
mas elas se calam logo
mesmo que o breve seja algo a longos compassos
tudo se silencia quando gostaria de ouvir mais
num sonho
ou na minha própria psique
colocaram muros nas canções
e quando elas param de ecoar nesse universo privado de lembranças
nem aquelas flores no sopé da escada
desta mesma porta de entrada, desconhecida
me fazem acreditar que existe algo
contundentemente acreditável.
Nem sequer na minha própria performance.
Se algum dia um filho vier aos meus braços
quero lhe ensinar a acreditar nos próprios sonhos
e não esquecê-los jamais.
Com lágrimas nos olhos quero sorrir
e contemplar sua vida, seus afazeres.
Porque o pai por mais que tenha feito
não quer acabar em simples linhas como essas
É frustrante.
Busco em pessoas a continuação de algo
que entendo ser apenas minha vida
e o desejo de pontear cordas
que nunca percam a reverberização
mesmo tendo que mudar afinação,
sopros e teclas
quero cantar.
Sem que o fôlego titubeie.
Dadas os tamanhos destas linhas
já dá pra saber algo minimamente subescrito
subentendidamente perdido
palavras que não sustentam emoção por muito tempo
sentimentos desacreditáveis.
Eu pediria quantidade, se a qualidade no mesmo refrão
lhe tornasse pleonasmo.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Pierrot?
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Destino
Eu não sei pra onde ia. Já não me recordo mais. Me lembro que estava numa condução, para algum lugar do mundo. Lembro que parou-se em um fundo de algum posto de alguma BR, onde desci para respirar daquele fundo, cansado, onde vi uma outra condução, do mesmo tamanho da mesma falta de luxo. Um ônibus sem muita cor, sem homens de muitos dentes. Do mesmo remetente para destino diferente que me fez admirado por outro letreiro dianteiro, que olhei e não pensei mais que 1 vez e meia talvez. Embarquei naquele novo interurbano, interestadual. Interesseiro emocional, peguei meu travesseiro e recostei na janela. Acreditei piamente somente naquele letreiro de destino. E mais nada soou tão alto quanto aquele ronco de motor velho. Mas cantador. Acordeão de alguns cilindros.
3 Fazendas
para o almoço
numa fome ausente
despejei
um punhado de café para dentro
um punhado de café para dentro
da minha boca
onde eu me vi no espelho
pálido de sono
feito de giz branco em quadro negro
feito de giz branco em quadro negro
a amargura que desceu por minha guela
me fez sentir o primeiro tapa do dia
o segundo viria mais tarde
num gole qualquer de cachaça
num gole qualquer de cachaça
Uma garrafa e um pequeno bilhete
eterno interior
arremessei contra o mar
grafitado em um grande muro
grafitado em um grande muro
onde 3 Fazendas viraram
3 dezenas
de pedaços
e um chumaço de papel
caído na calçada
Que um consiga ler algum dia.
Que um consiga.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Dimensões
Setenta corações para alimentar meia dúzia de leões
Um escuro inteiro para satisfazer uma angústia
Dez latas para pintar um muro, alvo futuro
Três fotos pra te convencer do real
Sobras na geladeira de metade de uma noite
Um escuro inteiro para satisfazer uma angústia
Dez latas para pintar um muro, alvo futuro
Três fotos pra te convencer do real
Sobras na geladeira de metade de uma noite
e um casal
Um espelho para sete caras borradas
Um espelho para sete caras borradas
de um dia casual
Seis cordas para eu chorar
Uma cabeça vazia para cem motivos
Metade de um quarto para se amar
por inteiro
E inteiro pros dois, de dois em dois
só pra deixar tudo maior que 12 centímetros
pra ser maior que a dimensão de um coração.
Eu finito aqui.
Seis cordas para eu chorar
Uma cabeça vazia para cem motivos
Metade de um quarto para se amar
por inteiro
E inteiro pros dois, de dois em dois
só pra deixar tudo maior que 12 centímetros
pra ser maior que a dimensão de um coração.
Eu finito aqui.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Cru
Alguns problemas durante a noite.
Um sonho.
De que nada disso aconteça.
Entre Doors e Zeppelins
Angus e Janis
Eu sofri como nunca sofri.
Acordei querendo te dar um beijo.
Mas a raça masculina é estranhamente
sonhadora.
Pelo menos sei o quanto o você está vivo.
Deste sonho eu lembrei de tudo.
Inclusive do quanto eu irei chorar um dia.
Bailemos enquanto isso, amigo.
Ao som dos nossos sonhos de meninos.
Acordados.
Um sonho.
De que nada disso aconteça.
Entre Doors e Zeppelins
Angus e Janis
Eu sofri como nunca sofri.
Acordei querendo te dar um beijo.
Mas a raça masculina é estranhamente
sonhadora.
Pelo menos sei o quanto o você está vivo.
Deste sonho eu lembrei de tudo.
Inclusive do quanto eu irei chorar um dia.
Bailemos enquanto isso, amigo.
Ao som dos nossos sonhos de meninos.
Acordados.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
A Canção
Eloquência frustrada
Prosa bovina para alguém dormir
Legal todo mundo querer um lugar no céu, né? O caminho mais fácil pra ser feliz. Ao lado dos anjos e suas trombetas, com todo aquele ar puro, aquela beleza incontestável e agradabilíssima. Já que o Paraíso é a imaginação paradisíaca de cada um.
[O Paraíso existe conforme o tamanho do seu ego.]
O fato é que todo mundo quer o céu. Quer ficar sossegado. Nada de batalhas depois da vida. Apenas nela. Acordar cedo, dar um duro no trabalho, ser justo com todos, suar cada dinheiro ganho, e lutar pelos nossos valores! Salve o exército humano na Terra!
Ninguém quer ir pro inferno, né? Dar um chute na bunda do capeta e tomar aquele lugar. E se falassem por aí que Deus enterrou toda sua fortuna por lá? Aí eu queria ver, iam se montar expedições suicidas rumo à salvação dos pobres ofendidos pelo demônio.Uma verdadeira cruzada às avessas. E viria a Igreja, com seus navios e aquelas cruzes exageradas. E proclamaríamos a independência do inferno às margens do Rio de Fogo. E enforcaríamos Satã, ao lado de Sadan! E das trevas levantaríamos uma sociedade infernal mais justa.
A democracia!
E o povo do inferno ficaria livre de todo o mal do tirano Leviatã!
Mas enquanto não se vende fogo, pouco vale os que se queimam no inferno.
[O Paraíso existe conforme o tamanho do seu ego.]
O fato é que todo mundo quer o céu. Quer ficar sossegado. Nada de batalhas depois da vida. Apenas nela. Acordar cedo, dar um duro no trabalho, ser justo com todos, suar cada dinheiro ganho, e lutar pelos nossos valores! Salve o exército humano na Terra!
Ninguém quer ir pro inferno, né? Dar um chute na bunda do capeta e tomar aquele lugar. E se falassem por aí que Deus enterrou toda sua fortuna por lá? Aí eu queria ver, iam se montar expedições suicidas rumo à salvação dos pobres ofendidos pelo demônio.Uma verdadeira cruzada às avessas. E viria a Igreja, com seus navios e aquelas cruzes exageradas. E proclamaríamos a independência do inferno às margens do Rio de Fogo. E enforcaríamos Satã, ao lado de Sadan! E das trevas levantaríamos uma sociedade infernal mais justa.
A democracia!
E o povo do inferno ficaria livre de todo o mal do tirano Leviatã!
Mas enquanto não se vende fogo, pouco vale os que se queimam no inferno.
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