sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Palavras de Outrora




CORRENTEZA


Descobri que tenho vocação pra a depressão
me destruo rápido e objetivamente
é só eu me deixar guiar pelo vento.
Ainda tenho os pés firmes, o corpo arqueado
pra frente
imponente
as vezes nem tanto
me desvencilhando da ferrugem da angústia
Mas que ela age naturalmente sobre meu corpo, ela age
Se eu relaxar meu corpo sou levado por ela
Por isso estou sempre tensionado
Músculos em contração
força que gera contraforça
a física explica minha engrenagem.
Meu corpo já é calejado
por nadar contra toda essa correnteza
acostumado
mas não sobrevivo se parar pra retomar o fôlego
É constante minha labuta
pra me dar prazer
e me esquivar do esmorecer
É uma grande tromba d'água
me acertando de frente
eu com os braços abertos,
passo atrás de passo, avanço
ininterruptamente
a todo o momento
mas esta minha força
dá o direito de resposta a Newton
e eu tenho que aguentar o impacto na minha cara
a todo momento
ininterruptamente.
Não posso parar
a água me leva se eu parar
mas não vou parar
gosto de enfrentar o meu próprio desespero
ele fica perplexo e enfurecido com isto
e eu sigo, mais um passo contraído
mas bem passado.
Odeio as câimbras.

2 Cortesia(s):

Juliana Porto disse...

Poucas palavras me descontrói integralmente.Logo que li seu texto, fiquei quieta.Apenas para venerar a tua escrita. Como um estímulo poético, misturando linguagem e a ciência.
Uma pequena quantidade que por alguns momentos faz parte de todos nós. Instantes e inconstantes!

Muito bom!

Kalie Cullen disse...

Nos é normal o angustiar-se pela vida, nos abatermos, entristecermos pelos acontecimentos e por nós mesmos.

Mas fraquejar e render-se não é nunca a solução, o caminho da vida é um caminho de força, estamos aqui para crescer e nos fortalecer sempre.

força!!!!!

beijos